terça-feira, 2 de junho de 2009

Dois minutos


Todas as noites eu me sentava na mesa do canto naquele bar.
Sentava-me, quieto, acendia meu cigarro, bebia meu vinho, escrevia um pouco e saia novamente.
Jamais erguia a minha cabeça.
Não por ser timido demais nem fechado, eu apenas ia pra lá, escrever meus poemas.Não buscava nada mais.
E acabei encontrando, quando numa fatídica noite gelada de segunda feira, tive de sentar-me em outra mesa, pois um casal comemorava sua união.
Cedi minha mesa cativa, embora não ligasse ou acreditasse nessas coisas comemorativas a dois.
Sentei-me do lado de fora, encostado a janela.
Por um momento busquei inspiração nos céus para escrever algo no meu caderno.
De repente ,pelo vidro do bar, eu vi uma moça.
Ela estava de costa, parada perto de um poste, aguardava para atravessar a avenida movimentada.Garoava um pouco, ela protegia seus cabelos e seu rosto com uma pequena bolsa de mão, de cor preta.
Acendi meu cigarro com dificuldade, ventava muito.
Por um momento o vento trouxe seu perfume para junto de mim, e fechei meus olhos, encantado.
Suas pernas eram torneadas, estava com um sapato vermelho, e um vestido longo, preto e vermelho.
Era perfeita , escondia-se atrás de um batom vermelho sedutor, e de uma maquiagem preta tambem nos olhos.
Não sei o que me dera naquele momento, levante-me e ofereci meu casaco a moça quew ficou rubra.
Sorriu de leve e eu retribui, não é comum alguém nos abordar assim, senti que devbia me explicar a moça.
Apresentei-me, rapidamente enquanto o farol abria e ela corria, comigo segurando o casaco em suas costas.
Me parecfeu o tempo mais longo que passei com alguém.
Foi menos de um minuto de uma corrida embaixo de uma chuva absurdamente chata, mas...era uma linda moça de cabelos vermelhos que escorregavam pelo rosto...
Ao chegarmos no destino-o outro lado da avenida- ela me agradeceu, e antes que ela pudesse correr sem que eu sequer soubesse quem era, segurei-a pelo braço.
Perguntei seu nome, ela respondeu e eu jamais esqueci.
Tive que deixa-la ir.
Estava atrasada para fugir da minha vida.
Atrasada demais para reparar num cara como eu, todo de preto...com cara e jeito de louco.
Desde então, todos os meus poemas são feitos para ela, todas as rosas que colho, ofereço a ela, todos os olhares que busco na rua são os dela...
Menos de dois minutos...
Ela entrou dentro do meu coração como um tanque de guerra estilhaça uma porta forte.
Menos de dois minutos...
Ela foi embora sorrindo, e olhando para trás, sem me dar a chance de dizer a ela que estava apaixonado...

1 Falaram:

Chico Mouse disse...

Nossa.. Isso me lembra a letra de uma música do Bread chamada "Aubrey" (conhece?). Acho que é uma das músicas mais lindas sobre amor platônico e à primeira vista, na minha opinião... :P

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Obrigada por comentar, meu coração está feliz ;D

 

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