terça-feira, 28 de abril de 2009

A corda

Chegou em casa tarde da noite do trabalho cansativo.
Tomou um banho quente, sentindo cada gota lhe lavar a alma.
Mas não bastava.
As lágrimas se misturavam a água.
Enxugou-se e foi preparar seu café.
Queimou a mão no fogo alto, desastrada.
Encheu a caneca preta de café, como nunca havia feito
Bebeu devagar, sentindo a fumacinha, o cheiro dele.
O cheiro familiar do café lhe fez chorar mais um pouquinho.
Levantou-se e foi pro sofá no quarto, com as luzes apagadas.
Não havia ninguém em casa neste dia.
Colocou o café sobre o criado mudo, pegou um livro, mas o colocou de volta em seguida.
Olhou pela janela, a vida seguia, as pessoas não sentiriam sua falta.
Alguém choraria?
Alguém sentiria sua ausencia?
Sim, algum tempo, e depois,como tudo, vira saudade distante, e esquecimento.
A cabeça estava enchendo de idéias,todas desastrosas.
Ela queria algo silencioso e rápido.
Olhou diversas vezes pro celular, esperando que ele ligasse
Em vão.
Havia passado algum tempo quando alguém ligou a luz do quarto.
Ela estava suspensa numa corda,ali,tão serena e pálida.
Haviam acabado as dúvidas, o sofrimento e a pena de viver daquela maneira
Ignorada, jogada ao canto feito uma boneca velha
Em alguns meses, seria só uma lembrança esquecida.

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