Somewhere Over the rainbow

Sai do trabalho apressada, e determinada ontem.
Na minha cabeça frases rodavam confusas, sem saber de certo o que ia te dizer.
Eu só queria um pouco do seu tempo, talvez nem conseguisse.
Andei algumas quadras e peguei um ônibus, passei 20 minutos nele, roendo as unhas, a testa estava quente as mãos trêmulas.
A ansiedade havia atingido um grau extremamente elevado.
Estava com medo da sua reação quando me visse e quando soubesse o que eu tinha pra lhe dizer.
Cheguei na porta do seu trabalho e só haviam tres luzes acesas.Toquei a campainha e não demorou muito, o vi abrir a porta absorto, estava alinhado, com uma camisa azulada e calça preta.
Eu sorri completamente sem graça, segurando a minha bolsa pequena com as duas mãos, e sem que eu pudesse ficar vermelha e desistir ou dizer qualquer palavra, você me abraçou, incrédulo, e me disse como era bom me ver ali.
Me pediu pra entrar, era só um minutinho, estava terminando algumas coisas.
Sentei-me na mesa ao seu lado, e observei-o ao trabalho, magnificamente inteligente, perspicaz e dinâmico.Falava comigo enquanto digitava coisas, e as vezes parava de digitar para arrumar a minha franja.
Elogiou minha roupa, embora eu soubesse que não estava tão arrumada assim depois do serviço.
Em um determinado momento, parou de digitar e virou-se pra mim, segurando as minhas mãos.Me disse que queria que eu escutasse uma música.
Enquanto a musica tocava ele cantarolava baixinho, e batucava com as minhas mãos, me olhando.
Então me perguntou o que de certo eu havia ido fazer lá, porque não o havia avisado,porque de surpresa.
Então eu o surpreendi, segurando seu rosto e lhe beijando docemente, devagar.
Ele ficou parado, estático,como se a alma saisse do corpo, sem acreditar na cena.
Quando me afastei dele, ainda de olhos fechados sussurrou algo que não entendi, e eu sorri.
Abriu os olhos, e estavam brilhando feito estrelas, abriu aquele sorriso largo, e sincero pra mim, e novamente arrumou minha franja.
Me tomou nas mãos, e me disse que queria me proteger.
Eu sorri novamente, e dessa vez um sorriso real, sem tristeza por dentro.
Deixei que me protegesse naquele momento.
Deixei que nossas vidas se entrelaçassem, uma vez que já estavam cruzadas há muitos anos.
Deixei que ele me mostrasse, além do arco íris.
Que não é perfeito, não é lindo nem é um sonho.
É apenas a vida, comum e simples como deve ser.
É assim que vai ser.